Suzi Pereira Advogada
3 min de leitura
16 Sep
16Sep

É muito comum que, ao longo da vida profissional, uma pessoa tenha mais de um tipo de vínculo de trabalho. Você pode ter começado registrado pela CLT, depois virado autônomo e, em algum momento, formalizando-se como MEI. Mas quando chega a hora de se aposentar, surge a grande dúvida: como ficam todas essas contribuições juntas? O INSS considera tudo?

A resposta é: sim, mas com algumas regras que fazem toda a diferença.


Como o INSS trata os diferentes tipos de contribuição

CLT

Quando você trabalha com carteira assinada, a empresa é responsável por recolher sua contribuição ao INSS. Esse período entra automaticamente no seu histórico (CNIS) e conta para tempo de contribuição e carência.

Autônomo (contribuinte individual)

Se você trabalhou por conta própria e pagou GPS como autônomo, essas contribuições também contam, mas precisam estar em dia e corretamente recolhidas. Caso contrário, pode ser necessário comprovar a atividade ou até fazer complementos.

MEI

O MEI recolhe 5% sobre o salário mínimo, garantindo acesso à aposentadoria por idade e benefícios básicos. Mas lembre-se: sozinha, essa contribuição só garante um salário mínimo de benefício.


Atividades concomitantes: posso somar tudo?

Esse é o ponto que gera mais confusão.

Antes de 2019, quando a pessoa contribuía em mais de uma atividade no mesmo mês (por exemplo, CLT + MEI), o INSS fazia o cálculo proporcional e somava os valores. Depois da Reforma da Previdência (EC 103/2019), as regras mudaram:

  • Se houver contribuições em atividades diferentes no mesmo mês, o INSS soma os valores até o teto previdenciário.
  • Se forem em períodos distintos (ex.: alguns anos como CLT e outros como MEI), o tempo e o valor são considerados normalmente, sem prejuízo.

👉 Ou seja: não há perda de tempo de contribuição. Mas é preciso analisar se vale a pena complementar o valor recolhido como MEI para não ficar só no mínimo.


O que considerar no planejamento

  1. Verifique seu CNIS: confirme se todos os períodos de CLT, MEI e autônomo estão lançados corretamente.
  2. Analise a qualidade das contribuições: valores baixos (como MEI) puxam o benefício para o mínimo. Complementar pode ser estratégico.
  3. Cuidado com lacunas: meses sem contribuição podem atrasar sua aposentadoria.
  4. Reveja as regras de transição: dependendo da sua idade e tempo já cumprido, você pode ter direito adquirido ou precisar se enquadrar em uma das regras pós-reforma.
  5. Faça simulações: projete quanto receberia se continuar como MEI, se complementar ou se migrar para contribuição integral.

Conclusão: cada vínculo conta, mas estratégia é essencial

Trabalhar como CLT, autônomo e MEI não é problema — todas as contribuições entram no cálculo da aposentadoria. O que realmente faz diferença é como você contribui e planeja.

 Se não houver planejamento, o risco é se aposentar apenas com o salário mínimo, mesmo tendo contribuído a vida inteira.

Um planejamento previdenciário com especialista mostra o melhor caminho para aproveitar todas as contribuições e garantir o melhor benefício possível.

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